Muitas pessoas acreditam que o livre-arbítrio é uma preciosidade comum a qualquer ser humano. Pensam que todos podem decidir fazer isto ou fazer aquilo, ir por este ou outro caminho. No fundo, decidem, têm escolha.
Mas até que ponto isto é verdade? Até que ponto uma pessoa pode escolher?
Como sabem, há determinadas situações que não podemos controlar; estão fora do nosso alcance, do nosso poder de decisão. Basta pensarmos nas mulheres islâmicas que vivem prisioneiras e que, muitas vezes, são maltratadas.
Se têm escolha? Até podem ter, isto é, elas podem sempre fugir, tentar a sua sorte, dar outro rumo às suas vidas. No entanto, arriscam-se sempre e, há que ponderar se o valor do risco poderá compensar.
A propósito deste tema, numa aula, foi dado o exemplo de uma pessoa pobre querer ascender socialmente e, sendo assim, pertencer à classe média. Ela pode decidir fazê-lo (tem liberdade para isso), mas conseguirá? E se não conseguir? Até que ponto o livre-arbítrio valeu a pena?
Por vezes, queremos muito uma coisa e até podemos escolher, mas, se não a alcançamos, sentimo-nos frustrados, desapontados. Isso não poderá acontecer à pessoa pobre? Lutar, lutar, lutar e não conseguir? E depois há sempre que ter em conta os factores subjacentes, que são inevitáveis e inesperados por vezes.
Por outro lado, há que ter em conta que só se consegue um determinado objectivo, quem tenta, quem arrisca. Só não chega quem não tenta. Quem tem escolha e arrisca, pode conseguir esse objectivo. Quem não tenta, nem vai à luta, muito dificilmente o terá (como diz o povo: “Quem não arrisca, não petisca”).
É bom termos poder de escolha, poder optar, seleccionar, preferir. E, sempre que tomemos uma decisão, ainda que seja má, devemos assumi-la sempre.
Mas até que ponto isto é verdade? Até que ponto uma pessoa pode escolher?
Como sabem, há determinadas situações que não podemos controlar; estão fora do nosso alcance, do nosso poder de decisão. Basta pensarmos nas mulheres islâmicas que vivem prisioneiras e que, muitas vezes, são maltratadas.
Se têm escolha? Até podem ter, isto é, elas podem sempre fugir, tentar a sua sorte, dar outro rumo às suas vidas. No entanto, arriscam-se sempre e, há que ponderar se o valor do risco poderá compensar.
A propósito deste tema, numa aula, foi dado o exemplo de uma pessoa pobre querer ascender socialmente e, sendo assim, pertencer à classe média. Ela pode decidir fazê-lo (tem liberdade para isso), mas conseguirá? E se não conseguir? Até que ponto o livre-arbítrio valeu a pena?
Por vezes, queremos muito uma coisa e até podemos escolher, mas, se não a alcançamos, sentimo-nos frustrados, desapontados. Isso não poderá acontecer à pessoa pobre? Lutar, lutar, lutar e não conseguir? E depois há sempre que ter em conta os factores subjacentes, que são inevitáveis e inesperados por vezes.
Por outro lado, há que ter em conta que só se consegue um determinado objectivo, quem tenta, quem arrisca. Só não chega quem não tenta. Quem tem escolha e arrisca, pode conseguir esse objectivo. Quem não tenta, nem vai à luta, muito dificilmente o terá (como diz o povo: “Quem não arrisca, não petisca”).
É bom termos poder de escolha, poder optar, seleccionar, preferir. E, sempre que tomemos uma decisão, ainda que seja má, devemos assumi-la sempre.
Mariana Ventura Norte
15 comentários:
Olá Mariana
Apesar de todas as semanas os teus excelentes textos me passarem 'pelas mãos', sabes que o meu tempo livre é escasso e como tal ultimamente não tenho comentado.
Em relação ao tema de esta semana, acho um tema com muito destaque na actualidade; até que pontos temos livre-arbítrio e somos livres de usar e abusar dele?
Beijo e continua!
Olá
Dada a relevância do tema, não tanto no espaço democrático onde, apesar de tudo, temos a sorte de viver, mas mais como consciencialização de um mundo mais oriental onde a ausência de liberdade de expressão/escolha é de facto uma realidade, queria apenas deixar-vos uma sugestão de leitura. QUEIMADA VIVA - é o relato verídico e dramático de Souad, uma rapariga árabe que de resto como qualquer mulher era mal tratada, espancada, abusada e obviamente sem qualquer direito de resposta. Teve a infeliz sorte de se apaixonar e engravidar, o que acabou por lhe conceder o passaporte para o limite entre a vida e a morte, depois de regada e queimada pelo próprio pai e de uma tentativa de assassinato por parte da mãe. Mais tarde com o corpo praticamente “derretido”, uma organização consegue trazê-la para a Europa onde ela conhece uma nova civilização livre que nunca tinha sonhado existir neste planeta, dado o mundo à parte de onde nunca saiu. Souad é então convidada a escrever este magnífico livro que aconselho a todos. Podem ver mais sobre o livro, ou eventualmente comprá-lo aqui: http://www.fnac.pt/pt/Catalog/Detail.aspx?cIndex=0&catalog=livros&categoryN=Livros&category=literaturaLinguaPortuguesaTraduzida&product=9789724136868.
Cumprimentos,
Márcio Santos
ola Mariana!! :)
Eu acho, sim, que temos sempre uma opção, nem que não seja a opção de termos feito as coisas de forma diferente... Podemos optar pela que melhor nos convier, no momento, pela que acharmos melhor para nós ou para o próximo (porque às vezes tomamos opções que vão ajudar quem nos rodeia).
Quem não faz qualquer opção de vida (e agora isto remete-nos para outra aula, não é? :P )que sentido aplica à mesma? Isto é, que sentido tem, de facto, a nossa vida se dela não tentamos tirar o melhor proveito, tomando as escolhas que nos pareçam mais acertadas?
Perguntas: "E se não forem as mais acertadas, realmente?"
Eu digo-te: Se não forem mesmo as mais acertadas, ficamos a saber porque é que afinal não são assim tão certas para nós e, da próxima, já sabemos que, se uma situação semelhante nos aparecer, devemos optar por algo diferente.
Mais: para além de ficarmos a saber o porquê da escolha que fizemos não ser certa, no fim, podemos fazer outra escolha para emendar a primeira que tomámos, de forma a dar um novo rumo à nossa vida.
Como vês, escolher é importantíssimo e ouso até afirmar que a nossa vida é mesmo feita de escolhas, boas e más, sim, mas todas elas importantes para fazer de nós pessoas maiores, melhores e mais aptas neste mundo.
Outras questões: "Mas vale mesmo a pena arriscar?" e "E se passarmos a vida toda a tentar alcançar algo que nunca nos pertencerá de verdade?"
Em relação a isto, digo-te apenas que toda a nossa vida é um constante risco e, sim, vale a pena arriscar porque vale a pena viver! Se não arriscarmos nada na vida, somos o quê? Fantoches que colocam a sua vida nas mãos de outros? Que se deixam levar pelo que os outros querem deles? Pelo Destino?
Eu não acredito nisto, acho que cada um é dono de si mesmo e , por isso mesmo deve arriscar, mesmo que não consiga, no final, atingir o seu objectivo por completo, ao longo da caminhada que percorreu (e que implicou obrigatoriamente escolhas e riscos)foi obtendo pedacinhos (uns maiores, outros mais pequenos, mas o importante é que foi conseguindo mais e mais) do seu objectivo final.
Parabéns pelo texto!! Muito bom!
Adoro-te!! :) :)
Olá Mariana,
Apesar de ainda não ter comentado as tuas crónicas, todas as semanas as leio e aprendo sempre algo novo sobre ti, porque mostras sempre a tua maneira de pensar sobre as coisas que nos rodeiam e que rodeiam o mundo.
Continua assim, estás no caminho certo!
Um beijinho cheio de amizade
Patinhas
excelente assunto
como dizes, podemos batalhar, batalhar e não conseguir. terá valido a pena? como disse Fernando Pessoa, "tudo vale a pena se alma não é pequena". Também Ghandi disse que "a alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita.". As mulheres muçulmanas de que falas podem escolher entre a subversão ao regime que as oprime ou a luta contra esse mesmo regime. Os riscos são elevados, mas também eram os de quem combatia o regime salazarista. E hoje vivemos numa democracia. Para isso, muitos arriscaram e foram parar ao Tarrafal. Mas o seu exemplo de coragem e também os violentos e excessivos castigos a que foram sujeitos despertaram as consciências do povo para lutar contra quem os explorava de tal modo. E, estando no 12º ano e tendo lido a obra "Felizmente Há Luar", de Sttau Monteiro, não posso deixar de referir o exemplo do Generel Gomes Freire de Andrade que, apesar de ter sido condenado à fogueira em 1817 e consequentemente ter falhado a sua conspiração contra o regime absolutista, deu o mote para que em 1822 os liberais fizessem a revolução. A sua morte valeu a pena? Para Matilda (sua mulher) e Sousa Falcão (melhor amigo) não. Para o restante Portugal sim...
Mas nem so nas grandes causa isso se aplica. Por exemplo, quase toda a minha turma quer entrar em medicina. Os que conseguirem, terão o seu trabalho recompensado. Os que não conseguirem, estarão, pelo menos, satisfeitos consigo próprios por terem tido a coragem e por não terem desistido. E encontrarão novas formas de tentarem até atingirem os objectivos. Se ainda assim não conseguirem... Pelo menos as suas consciências estarão limpas de que tudo fizeram para conseguirem. E isso, é muito mais importante do que se pensa...
Bem, alonguei-me hj, hein?
parabens pelo texto, acho que foi o melhor tema de todos até hj
beijinhos
(P.S.: para quem nunca leu a obra "Felizmente Há Luar", fica aqui registado que a obra é baseada em factos verídicos, que o General Gomes Freire de Andrade, Matilde e Sousa Falcão existiram mesmo e que o primeiro foi condenado à morte na fogueira por suspeita de conspiração contra o regime absolutista)
Mariana:
Mais um tema bem escolhido, pois a existência deste conceito tem sido uma questão central na história da Filosofia e da Ciência.
Concordo contigo, é bom poder escolher,optar, seleccionar... e penso que a liberdade de escolha permite-nos maior sentido de responsabilidade.
Agrada-me pensar na letra da canção de Ermelinda Duarte
"Uma gaivota voava,voava
...
Como ela , somos livres
somos livres de voar..."
Um beijo.
Mariana:
Mais um excelente tema de carácter filosófico. Desenvolveste muito bem o problema das condicionantes políticas no livre-arbítrio, das limitações na promoção social do indivíduo, ou seja, da impotência daqueles que fartam de lutar sem conseguirem atingir os seus objectivos, da faculdade que temos em arriscar ou "deixar correr". Sem entrarmos em questões como o determinismo ou indeterminismo do livre-arbítrio, das ideias que muito bem soubeste explanar podemos chegar facilmente à conclusão que o livre-arbítrio tem quase sempre condicionantes, não sendo tão livre quanto isso. Quanto mais fechada for uma sociedade, menor é o leque de opções que temos a todos os níveis.
Todavia, mesmo quando vivemos numa verdadeira democracia, o livre-arbítrio nunca é pleno, porque temos sempre obstáculos às nossas opções, sejam eles de carácter religioso, ético, social, económico, etc. Aí surge o tal chavão: a nossa liberdade (mesmo a de escolher) termina quando colide com a liberdade dos outros.
Mais uma vez, parabéns.
Rubi
Olá Mariana, parabéns por escolher esta via de expressão, pelos temas e por escreveres tão bem. Quanto ao livre arbítrio,penso que é o melhor que vida tem: poder escolher.Porque isso implica reflexão,sentimento e vontade. Acho que sempre vale a pena,pois a frustação de não tentar é o marasco de não viver, é o passar e não deixar marca. José Régio dizia "preto ou branco,cinzento nunca". É sempre preciso algum desasossego pra caminharmos.
Mariana...execelente questão... mas a verdade é que só quem arrisca é que pode dizer que está vivo...e mais vale uma vida inteira a lutar e a sofrer, do que ver morrer todos os sonhos sem nunca termos feito nada por eles...e é muito boa a sensação do "pelo menos tentei.."e quando conseguimos o que queremos...bem, aí sentimo-nos pequenos heróis, capazes de grandes feitos e sorrimos...e sorrir...sorrir é muito bom!
Continua a sorrir Mariana e a escolher...
Beijo grande
Terra à Terra.
Penso que não somos mais do que fazemos por nós mesmos.
Como seres humanos, auto-conscientes, podemos escolher as acções que tomamos. Podemos escolher fazer, não fazer ou fazer de um modo diferente. Mas, para o ser humano, existe sempre tipo de escolha.
E, sempre que há escolha, há livre arbítrio..
Continua que o Tourigo agradece
E eis que discordo do texto da Mariana :) Por um lado, o livre-arbítrio é algo extremamente condicionado pelas nossas necessidades imediatas e por isso, muitas das nossas decisões a tomar ficam condicionadas por factores familiares, sociais, religiosos, políticos, entre outros. Esta questão entronca directamente na liberdade de acção. A maior parte dos riscos são calculados porque ninguém é suicida!! A igualdade de oportunidades é que determina quem tem ou não capacidade, ou seja, "quem arrisca, não petisca". Como cantou o Sérgio Godinho:
"Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quanto não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir" um beijo, boa semana e boas crónicas
Olá Mariana.
Só agora estou a comentar e por isso, aí vão as minhas mais humildes desculpas.
O tema escolhido é interessante, pela sua complexidade e diversidade de opiniões. Eu concordo, em parte com algumas das considerações do meu mano, quando diz e passo a citar:"o livre-arbítrio é algo extremamente condicionado pelas nossas necessidades imediatas".
Hoje em dia somos muito condicionados nas nossas decisões, bloqueados nas nossas acções e muitas vezes o nosso pensamento é amarrado, não livre de decisões de outros...Mas como alguns comentadores foram dizendo, não podemos ficar parados, amarrados ou bloqueados, é importante agir antes de reagir para podermos influênciar de uma forma positiva esta sociedade cada vez mais confusa e complexa.
Beijinhos e cumprimentos a todos.
Em breve estarei de regresso...
... e o que nos teríamos divertido ao debater também isto numa das nossas aulas...
(Como é bom ler-te raciocinar com esta clareza, com esta presença de espírito, com esta logicidade, com tal capacidade argumentativa!)
Beijo grande, linda!
Muito bem Mariana.Um passarinho veio falar me da tua qualidade como cronista, e sinceramente, eu aprovo, tens muito jeito, e concordo plenamente contigo, pai que e pai e gosta de um filho nao faz uma coisa destas.
Escreve mais que eu vou passar a ser um leitor frequente, fico a espera.
Beijo
Boa tarde, Mariana
Apesar de ser mesmo tarde que vejo esta crónica.
Ao concordar contigo, estaria a discordar de mim.
Todo um passado de decisões. certas e erradas, a maior parte das vezes talvez, levam-me a ter uma opinião própria.
Ter opinião, ter decisão, implica saber o que se quer. E aí, tenho que concordar com o Pedro V que necessitamos algo mais para decidir e que substrata (amigos, religião, condições de vida, etc) a nossa decisão.
Saber as regras é muitas vezes importante ou então então devemos entrar no jogo, para poder mudar algumas.
Nem sempre podemos escolher. A maior parte das vezes o livre arbítrio esta ferido de morte à partida.
De qualquer maneira, podemos e devemos escolher e sustentar a nossa escolha.
Temos que ter cuidado com alguns opinion makers, porque o que hoje é certo amanhâ é errado. Será ?
Ou sabemos mesmo para onde queremos ir ?
É a nossa identidade que prevalece ou a maioria ?
Boa crónica
Esporão
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